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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Conselhos de um Psiquiatra para quem deseja ser pastor ou líder cristão

Já faz mais de dez anos que Deus tem me dado a oportunidade de atender líderes cristãos de diferentes denominações com níveis diversos de adoecimento emocional.
Nestes anos, pude ver atitudes, comportamentos e escolhas que ao meu ver são grandes gatilhos para um ministério frustrante, adoecido e com sequelas para líderes e seus familiares.
Neste ínterim, talvez de maneira pretensiosa, resolvi fazer uma lista de alguns conselhos, principalmente para os jovens (ainda não tão moldados), que hoje almejam o ministério como um chamado para suas vidas.
Já adianto que a lista é também para mim.

1) Mostrem suas fraquezas.  Com o tempo, aprendi a admirar os líderes inseguros, frustrados, sinceros, depressivos e cheios de dúvida.  Os mais perversos que atendi eram os com respostas prontas para tudo, com convicções inabaláveis, sempre “cheios de Deus” e com um ar de espiritualidade vazia que inibia um contato mais íntimo.  Usavam de uma espiritualidade afetada para esconder sérias doenças emocionais.  Tenham medo dos “muito crentes”, dos sempre “cheios de fé” e dos que frequentemente tem uma “revelação espiritual” na ponta da língua.

2) Avaliem quem está ao se redor.  Não se iludam, líderes cristãos vivem rodeados de pessoas para eventos sociais e eclesiásticos mas tem poucos amigos e confidentes.  Me assusta que as vezes é diante de um Psiquiatra que os líderes falam pela primeira vez de seus problemas e vicissitudes.  Estar rodeado de gente não é sinal de estar aprovado por Deus; lembrem-se que celebridades de diversas áreas tem seguidores (físicos e virtuais) mesmo que vivam uma vida fútil e cheia de frivolidades.  Tenham amigos com os quais você possa compartilhar suas dúvidas, angústias, imperfeições, tentações e compulsões mais íntimas, sem medo de ser julgado.

3) Não use o diabo como álibi.  Ele existe e é atuante, mas, normalmente somos tentados por nossas próprias concupiscências.  Você sempre será tentado a atribuir ao diabo responsabilidades e erros que são seus.  É tentador buscar soluções mágicas em inúmeras sessões de “batalha espiritual” e libertação, sem olhar para dentro de si e aceitar que há processos na alma que precisam ser tratados.  Nossos maiores “demônios” são nossas fantasias e fortalezas da mente, que necessitam de um longo prazo de luta e dedicação para serem “exorcizados”.

4) Cuidado com os números.  Números são frios e trazem ansiedade.  Não meça seu ministério pelo crescimento numérico e tampouco se angustie se ele não ocorrer.  Da mesma forma, não abra mão de suas convicções teológicas ou busque soluções de marketing eclesiástico para promover um crescimento artificial que só lhe trará sofrimento físico e emocional.  Vi muitos que em busca de um crescimento numérico a qualquer custo, longe de uma verdadeira intimidade com Deus, se tornaram frios, depressivos ou ditadores de comunidades regidas pelo medo.  Não se deprima com números aparentemente fracos, creia que se estiver fazendo o que Deus mandou ele dará uma comunidade saudável compatível com sua estrutura emocional e espiritual.  Há muita angústia envolvida em querer crescer um ministério a qualquer custo.

5) Se dedique a família.  Atendi vários líderes em que presenciei uma incongruência entre suas vidas nos púlpitos e dentro do lar.  O ministério saudável não pode produzir filhos e esposas machucadas e revoltados com Deus ou Igreja.  Conheço vários filhos de pastores e líderes que tem ataques de pânico se simplesmente passarem na porta de uma igreja.  São vítimas de pais “cristãos” que, com a desculpa de que estavam servindo a Deus, trocaram minutos preciosos de conversa, amizade, brincadeira e diversão com os filhos por reuniões ministeriais que normalmente não levam a nada.  Há esposas que chorando me dizem querer serem casadas com o esposo que está no púlpito e não com o que está dia a dia dentro de casa.  Uma família equilibrada será sempre um bom termômetro de uma vida abençoada por Deus.

6) Examine-se frequentemente.  Tenha em mente que uma vida emocionalmente doente não irá gerar uma espiritualidade saudável e vice-versa.  Pastores doentes irão produzir uma comunidade igualmente doente, fragilizada e contaminada por emoções que distorcem sermões e atitudes práticas no dia a dia pastoral.  Saiba que há sempre uma transferência emocional explosiva entre o púlpito e os bancos da Igreja, para o bem ou para o mal.  Sermões duros, cheios de cobrança e desprovidos da graça podem esconder emoções desequilibradas por parte de quem os pregam.

7) Humanize-se!  Tenha momentos de lazer em família, mas também individual.  Pratique esportes e lembre-se que biblicamente somos corpo, alma e espírito.  Não perca a oportunidades de cultivar hobbies e passeios que te desconecte em alguns momentos da realidade pesada do dia a dia e desperte em você uma certa puerilidade que lhe cure e humanize.

8) Cuidado com os extremos teológicos.  O tradicionalismo em excesso, a erudição e o conhecimento bíblico seco e obsessivo podem lhe tornar um cristão chato, insuportável, insensível, vaidoso, pesado e distante de pessoas comuns que podem ser verdadeiramente abençoadas com o “conhecimento de Deus”.  Seja reformado, mas, seja também pentecostal.  Não se iluda.  A frieza tradicional desumaniza tanto quanto o misticismo pentecostal.  Por outro lado, se pentecostal, não paute suas decisões emocionais em profecias, campanhas ou amuletos cristãos que no fundo só aumentam sua ansiedade e imaturidade.


Autor: Ismael Sobrinho, psiquiatra e estudante de teologia

domingo, 8 de julho de 2018

Relacionamento que une os interesses de Deus e do homem

Sl 37:1-5 - 1Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade. 2Pois eles dentro em breve definharão como a relva e murcharão como a erva verde. 3Confia no SENHOR e faze o bem; habita na terra e alimenta-te da verdade. 4Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração. 5Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará.”

Como colocar em prática nossa vontade sem ferir a de Deus?
Nos três primeiros versículos podemos perceber a total dependência que o homem precisa ter de Deus e não olhar para a vida alheia porque não nos diz respeito.
Mas nos versos 4 e 5 o salmista Davi afirma que basta termos prazer no Senhor, entregar nossa vida à Ele, que Ele cuidará de tudo. Mas para Deus cuidar de tudo é preciso ter uma proximidade com Ele e estar em consonância com a vontade Dele.
Mas existe uma questão muito importante que passarei a tratar daqui por diante, que é a vontade do homem debaixo da soberania de Deus. Por isso que o relacionamento com Deus deve ser ajustado, para que não haja desacordo entre ambos. Deus é soberano, mas o homem também tem seus desejos, como então unir as duas coisas sem que haja desobediência a Deus e realização na vida do homem?
O homem é um ser que tem vontade própria. Mas, mesmo quando este ser humano é um servo de Deus, ele tem vontades que em sua grande maioria ferem as Sagradas Escrituras. É necessária uma sintonia muito intensa com Deus para que este relacionamento gere frutos de obediência.
Cito o seguinte: “Você poderá ser convocado a fazer coisas que só Deus pode fazer, enquanto que antes você normalmente só tentava fazer o que estava dentro de sua própria capacidade.” (Conhecendo Deus e fazendo sua vontade, pág 141.)
A seguir mostrarei três situações em que o homem tem sua vontade própria, mas Deus revela outra vontade:

1)-O que parece ser simples aos olhos do homem, pode não ser simples para Deus
A ordem de Davi!
1 Crônicas 13:1-4 - 1Consultou Davi os capitães de mil, e os de cem, e todos os príncipes; 2e disse a toda a congregação de Israel: Se bem vos parece, e se vem isso do SENHOR, nosso Deus, enviemos depressa mensageiros a todos os nossos outros irmãos em todas as terras de Israel, e aos sacerdotes, e aos levitas com eles nas cidades e nos seus arredores, para que se reúnam conosco; 3tornemos a trazer para nós a arca do nosso Deus; porque nos dias de Saul não nos valemos dela. 4Então, toda a congregação concordou em que assim se fizesse; porque isso pareceu justo aos olhos de todo o povo.”


O que está em questão aqui não é o fato de levar ou não a arca da aliança para Jerusalém, mas a atitude de Davi em não seguir os padrões estabelecidos por Deus. Percebam o texto a seguir:

A ordem de Deus!
Êxodo 25:10a; 12-15 - 10Também farão uma arca de madeira de acácia;  12Fundirás para ela quatro argolas de ouro e as porás nos quatro cantos da arca: duas argolas num lado dela e duas argolas noutro lado. 13Farás também varais de madeira de acácia e os cobrirás de ouro; 14meterás os varais nas argolas aos lados da arca, para se levar por meio deles a arca. 15Os varais ficarão nas argolas da arca e não se tirarão dela.



Há um desacordo entre as duas opiniões, de Davi e de Deus. Diante disso, Uzá tem sua vida ceifada porque seu líder não se atentou para a vontade de Deus.
Após todo o acontecimento que levou à morte de Uzá, agora Davi age como Deus havia ordenado e a arca da aliança chega em segurança à Jerusalém.

2)-O desejo do coração do homem precisa ter o aval de Deus
Após a tragédia mencionada no ponto anterior, Davi tem uma postura diferente quando seu coração arde por construir um templo para Deus. Vejamos 2Sm 7:1-5; 12-13:
1Sucedeu que, habitando o rei Davi em sua própria casa, tendo-lhe o SENHOR dado descanso de todos os seus inimigos em redor, 2disse o rei ao profeta Natã: Olha, eu moro em casa de cedros, e a arca de Deus se acha numa tenda. 3Disse Natã ao rei: Vai, faze tudo quanto está no teu coração, porque o SENHOR é contigo. 4Porém, naquela mesma noite, veio a palavra do SENHOR a Natã, dizendo: 5Vai e dize a meu servo Davi: Assim diz o SENHOR: Edificar-me-ás tu casa para minha habitação?”
12Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. 13Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino.”
Davi não constrói o templo, mas seu filho Salomão. Davi entende ser necessário um ajuste com a vontade de Deus e aplicá-la para que nada desse errado.
O ajuste que fazemos é sempre a uma pessoa. Você ajusta sua vida a Deus. Você ajusta seus pontos de vista, para que eles sejam como os pontos de vista de Deus. Você ajusta seus modos de agir, para que sejam como os caminhos dele. Depois que você fizer os ajustes necessários, ele vai orientá-lo sobre o que fazer, a fim de ser um filho obediente. E quando você obedecer a Deus, verá Deus fazendo, por seu intermédio, algo que só ele pode fazer. (Conhecendo Deus e fazendo sua vontade, pág 142.)

3)-O relacionamento verdadeiro com Deus dá segurança na decisão
Atos 16:6-10 - 6E, percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, 7defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu. 8E, tendo contornado Mísia, desceram a Trôade. 9À noite, sobreveio a Paulo uma visão na qual um varão macedônio estava em pé e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos. 10Assim que teve a visão, imediatamente, procuramos partir para aquele destino, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciar o evangelho.”
Qual cristão da igreja atual aceitaria tal impedimento do Espírito Santo se seu relacionamento com Deus não for verdadeiro? Um cristão natural certamente entenderia que era obra do inimigo tentando atrapalhar a obra de Deus.
Mas o Apóstolo Paulo entende que era da parte de Deus e obedece. Quando Paulo, Timóteo, Lucas, Silas e outros, partem para Filipos, então compreendem o que Deus queria fazer naquele lugar. Salvar vidas preciosas e causar impacto pelo Seu poder.

A conclusão, é que não existe relacionamento com Deus sem uma busca para que isso aconteça. Orar, jejuar, ler a Bíblia e obedecê-la é o caminho.
Sem relacionamento com Deus não existirá realização plena da vontade de Deus que é boa, agradável e perfeita.
Deus é soberano, não significa que a vontade do homem não seja considerada, mas ela precisa estar em consonância com a de Deus.

Pastor José Maria Júnior


domingo, 1 de julho de 2018

Precisamos identificar o que Jesus quer de nós

Lc 5: 1-7 - 1Aconteceu que, ao apertá-lo a multidão para ouvir a palavra de Deus, estava ele junto ao lago de Genesaré; 2e viu dois barcos junto à praia do lago; mas os pescadores, havendo desembarcado, lavavam as redes. 3Entrando em um dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da praia; e, assentando-se, ensinava do barco as multidões. 4Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar. 5Respondeu-lhe Simão: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei as redes. 6Isto fazendo, apanharam grande quantidade de peixes; e rompiam-se-lhes as redes. 7Então, fizeram sinais aos companheiros do outro barco, para que fossem ajudá-los. E foram e encheram ambos os barcos, a ponto de quase irem a pique.”

Precisamos conhecer mais profundamente o Senhor Jesus para identificar sua maneira de falar e o que Ele quer quando fala.

Jesus quando entre na nossa vida certamente é para mudar, transformar algo. Ele entrou na vida dos quatro primeiros discípulos para torná-los pescadores de homens.
Precisamos descobrir o que Jesus Cristo quer de nós.

Temos no cenário apresentado alguns elementos que são meramente simbólicos, mas que devemos transformá-los em algo real para entender a mensagem de Jesus.
Temos então: O Lago de Genesaré (v. 1); Os dois barcos (v. 2); As redes (v. 4) e por fim, os peixes (v. 6).
O que de fato o Senhor Jesus quer nos ensinar com essa passagem do seu ministério? Repito: Precisamos conhecer mais profundamente o Senhor Jesus para identificar sua maneira de falar e o que Ele quer quando fala.

1)-O lago de Genesaré (v. 1)
O lago de Genesaré, também conhecido como mar de Tiberíades ou mar da Galileia, foi o ponto de encontro de Jesus e seus futuros discípulos Pedro, André, Tiago e João.
O lago de Genesaré, nas palavras de Jesus, representa o lugar onde as almas estão. Percebam que no v. 5, Pedro diz que não pescaram nenhum peixe a noite toda, mas que ele tentaria novamente, agora pela palavra de Jesus.
O que se aprende nessa pescaria é que se o Espírito Santo não nos conduzir, nenhuma alma ganharemos para Jesus.
Há uma forte ligação entre o lago de Genesaré com os dois barcos.

 2)- Os dois barcos (v. 2)
A ligação entre o lago de Genesaré e os dois barcos, pode ser avaliada como o lugar onde as almas estão e a dependência que devemos ter do Espírito Santo para nos conduzir a este lugar.  Os dois barcos representam a condução pelo Espírito Santo.
O curioso é que, numa hora considerada imprópria, conseguiram pegar tantos peixes que as redes quase se romperam. Pedro e André estavam em um barco e tiveram que pedir ajuda a Tiago e João que estavam no outro barco.
Percebam que para a obra de Deus ser realizada, não precisa de lugar, ou hora específica, ou seja, em qualquer lugar ou momento o Espírito Santo está nos chamando a estar preparados para lançar as redes.
A presença e a ação real do Espírito Santo é a segunda parte importante da pescaria de almas.

3)- As redes (v. 4)
Estas redes são a parte mais importante da pescaria de almas.
O Espírito Santo é fundamental para qualquer empreitada no Reino de Deus, mas se a vida de quem lança as redes, que é a palavra de salvação, não estiver de forma agradável a Deus, isso pode comprometer a pescaria. O apóstolo Paulo fala a Timóteo em 2 Tm 2:15, o seguinte. “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.
O bom pescador precisa lançar as redes bem abertas; para o bom obreiro é lançar uma boa semente, uma boa palavra.
Valho-me deste texto bíblico para mencionar uma frase do maior evangelista de todos os tempos, Billy Graham, que diz:
“Nós somos as Bíblias que o mundo está lendo… Nós somos os sermões que o mundo está prestando atenção.”

4)- Os peixes (v. 6)
Creio que todos percebem que os peixes simbolizam as almas que são alcançadas na nobre caminhada cristã.
Aqui o Senhor Jesus permite uma pesca maravilhosa, ao ponto dos dois barcos quase afundarem de tantos peixes. Mas Jesus não queria apenas provar para seus futuros discípulos que ele poderia encher seus barcos com peixes. Nos peixes está o simbolismo da importância de uma alma, que devemos buscá-las aos montes, mas que muitas vezes vamos trabalhar horas a fio e nada conquistar, por falta da direção do Espírito Santo.
Mas também em apenas num momento, guiado pelo Espírito santo, podemos encher o céu e saquear o inferno.
Levantar a cabeça e olhar para as pessoas como uma alma salva em potencial. Daí uso a frase do Pastor Martin Luther King Jr.
“A questão mais persistente e urgente da vida é: o que você está fazendo pelos outros?
  
Concluo esta mensagem com a certeza de que o valor de uma alma para Deus é maior que tudo, no entanto ele deu seu único filho para morrer crucificado para que as almas fossem salvas da fúria do inferno.
E também, que para conquistar uma alma é necessário saber onde elas estão; é ser guiado pelo Espírito Santo até elas; é lançar uma rede bem aberta que é a palavra de Deus e por fim, cuidar de cada alma conquistada, pois ela tem enorme valor para Deus.

Pastor José Maria Júnior